|  Em nosso enredo vamos falar de um povo ora relegado pela  história e muitas das vezes, como numa ironia, classificados aos olhos dos  colonizadores como exóticos em seu próprio habitat. Vamos falar de  nosso "ÍNDIO", os verdadeiros donos dessa terra, por eles  chamada de "PINDORAMA" apelidada pelo invasor de  "BRASIL". Faremos uma grande festa em homenagem a esse povo tão peculiar e de cultura tão  sublime em seu modo de viver, seus rituais e sua arte. Evocando os deuses da  floresta numa "ode" de respeito aos povos indígenas vamos unir  sotaques, e vozes de um povo que até hoje resiste, brigando e lutando em defesa  de sua sobrevivência, seu espaço e suas tradições. Como num rio caudaloso vamos  desaguar na avenida de desfiles "Anhembi": paisagens, lendas, mitos,  rituais, folclore e influencias de um povo que bravamente contribuiu na  formação dessa "Aldeia" chamada "BRASIL.
 "O índio só sobrevive na sua própria cultura" - Irmãos Villas  Boas"
 	      ABERTURA 	      MISTÉRIOS DA CRIAÇÃO DO MUNDOO SURGIR DA VIDA E A MORTE NO ALTO XINGU
 Eu sou Índio... Sou Brasil. Sou verdadeiro dono dessa terra...
 Sou da Floresta... E junto a Unidos do Peruche convidamos a todos para uma  grande festa.
 E os tambores anunciam... A festa vai começar!
 Pareats vão de tribo em tribo, convidar todos para esta festa.
 De inicio... O mito da criação do mundo na tradição dos índios xinguanos.
 Xingu - Surge a vida - Matas, águas, mistérios, festa de louvor a vida e o surgimento  do mundo e seus viventes no coração do Brasil. Xingu é Paraíso de Mavuttsinim -  O deus Criador do Sol e da Lua. Foi usando de toras de madeira que ele criou os  viventes e seu universo. Criou as tribos Kamayurá - a tribo do arco preto -  Kuikuru - tribo do arco branco - Waura - a tribo da panela.  Mavuttsinim é  o criador de todo universo mitológico no mundo  xinguano.
 Morte e ressurreição - É Kuarup... Festa e ritual - Troncos de madeiras que  outrora ganharam vida, agora representam os mortos. Os "maracá-êp"  entoam cânticos. Celebração dos ancestrais em rito de ressurreição. Índios  mortos na busca dos caminhos de Ivat. Para louvar seu Deus e os mortos os  índios cantam, dançam, bebem e lutam o "huka-huka" ao som das  "aruás" em ritual de tamanha beleza.
 Assim é a crença de criação do mundo, vida e morte das tribos do Alto Xingu.
 1º SETOR
 	      INDIOS DO BRASIL - LENDAS INDÍGENASTantas lendas para contar...
 A oca é a morada, cacique é o guerreiro, a taba é a aldeia, pagé o feiticeiro,  Tupã é o Sol e Jaci é a Lua
 Sou lendas, mitos sonhos e ilusões.
 Máscaras rituais escondem meus mistérios e enfeitam o baile da selva. Lendas,  mitos e mistérios. Cobras de asas, mulheres metade gente metade peixe... Seres  sobrenaturais.
 No amazonas - Mulheres guerreiras, lendas da vitória régia, do boto cor de rosa  e tantos segredos a desvendar.
 Ao sul do Brasil Deus M’Boy - Lenda das cataratas do Iguaçu - M’Boy protetor da  Cachoeira Grande - Sou o  supremo Deus e criador. Sou uma cobra grande  temida, sou gente, sou mistério.
 De norte a sul, de leste a oeste deste país. Sou índio criança. Um curumim  dançante embrenhado no matiz verde de nossas matas.
 2º SETOR
 	      SOU NAÇÃO... SOU TRIBO BRASILEIRA - RESISTÊNCIA, PASSADO, PRESENTE E  FUTURO - DA NATUREZA E DA ARTESou Tupi... Sou Guarani... Sou de cultura tradicional
 A natureza é meu santuário. Respeito a fauna e a flora  que meus deuses me deram.
 Faço arte de belas tramas, trançados e fiados. Talho e esculpo o barro que vem  do chão dando forma a minha criação. Da palha e do mato tranço, fio minhas  invenções.
 Vivia em paz num paraíso tropical...  Pindorama. Uma população de  aproximadamente cinco milhões de habitantes.
 Homem branco aqui chegou. Vorazes... Covardes e sem piedade. Tive que lutar.  Lutas constantes. Desrespeito a minha cultura, hábitos e maneira de viver.  Diziam querer em nome de "Deus e da Cruz de Jesus" nos  "Civilizar". Tentaram...
 Me defendi com resistência e ritual - canibalismo. Em nome da vitoria: matar,  comer, festejar. Ser escravo jamais - fogo nesse chão, plantações inteiras em  destruição.
 Na história fui índio herói. Muitas das vezes omitido. Poucos relatos de minhas  façanhas. Nem mesmo nossas vitórias que ajudaram os portugueses a ampliar esse  território, são lembradas. Tibiriçá salvou São Paulo (SP), Araribóia venceu os  franceses, Felipe Camarão, derrotou os holandeses. Fui usado, matei, lutei  guerreie.
 Na guerra do Paraguai, Kadiuew, - cavaleiros e boiadeiro - presença marcante em  defesa do território brasileiro.
 Lutei... Brigo e resisto... Infelizmente... Luta na qual somente existe um  ganhador. A vitória daquele que se julga civilizado.
 Mas de 500 anos se passaram... Muitas perdas. Tribos dizimadas em sua maioria.  As que restam agonizam... Mas minha semente ainda vive nesse chão...  Sou  índio, sou tribo, sou aldeia, sou Brasil. Sou Nação.
 3º SETOR
 		    PRESENÇA E IMAGEM - POÉTICA E MÍTICA DO ÍNDIO EM NOSSASARTES E CULTURA - INDIANISMO - ANTROPOFAGIA - RELIGIÃO
 Fui tema de diferentes movimentos literários. Fui a idealização de um Brasil.  Muitos escritores falaram sobre mim. Fui herói, fui inocente e Inspirei muitos  romances. Nas páginas de José de Alencar símbolo de mitologia e brasilidade.  Pelas mãos de Carlos Gomes virei ópera e no Teatro de Milano na Itália como  "O Guarani" me apresentei.
 Das gotas de tintas e pincéis; em todos os estilos: do clássico ao moderno.  Minha alma e beleza natural enfeitaram e me denunciaram expondo quem eu sou.
 No Movimento Modernista - Inspiração Antropofágica. Ali estava o sentido de  quem sou.  (aba = homem e poru = que come). Como engulo e degluto. Faço  festa e quero liberdade. Sou afirmação de nossa cultura dando alma a  brasilidade. Sou índio. Inocente e brincalhão. Sou Sim! Ma também sou valente e  brigão.
 Dizem que sou a invenção do Brasil. Só sei que me inventam e reinventam, em  tantas versões contadas e encantadas. Como personagem desta história eu estou  nos palcos e telas de cinema. Alma, costumes e memórias traduzidas em tantas  estórias.
 O "Oké, caboclo!", "Xeto, marromba, xeto!". Sou dono da  floresta. Conhecedor das ervas e suas curas.  Sou caboclo raizeiro. Sou  sete flechas, sou pena branca, Ubirajara, sou Cobra Coral... Sou religião. To  na umbanda e no candomblé. Trago a cura e fé.
 Também sou fantasia, sou alegria, brinco carnaval. Sou Cacique de Ramos, blocos  de Recife, das ruas e tantas folias mais. Índio quer apito. "Mim só quer  brincar". Sou da Paz. Sou Brasil. Estou no carnaval. Sou liberdade. A pura  felicidade.
 4º SETOR
 		    DANÇA E FESTAS DO POVO DA FLORESTADanço, canto e faço festas... Danço para o sol e para a lua. Celebro a vida! Em  meus rituais e crenças, a dança e a música não podem faltar.
 Danço para celebrar atos, fatos e feitos relativos à vida e aos  meus  costumes. Para preparar a guerra e quando volto dela também danço. Danço para  celebrar um cacique, colheitas, uma boa pescaria, assinalar a puberdade de  adolescentes, espantar doenças, epidemias e outros flagelos. Danço para a vida  e para morte.
 Sou Cacique Bororó, guerreiro, corajoso mato a onça com as mãos. Sou  dançarino... Cubro o rosto, pés e mãos com a pele da onça morta e palha de  palmeira. Bato forte o pé no chão, representando a alma da onça que se foi.
 Sou índio potiguar bailo... Toré, meu ritual sagrado para não esquecer  antepassados. Símbolo maior de resistência, memória... Lembranças e união entre  os índios do nordeste. Bailado que rememora um elo em comum. Somos todos  irmãos.
 Já dancei até para Corte Francesa. Foi em Ruão na França - 1550. Era uma  "Festa à Brasileira". Lindos corpos, coragem beleza sem igual. Nas  margens do Rio Senna... Ares do Renascimento, sonho e poesia a magia da  floresta eu apresentei. Encenei e dancei. Cultura, arte e o esplendor do novo  mundo eu mostrei.
 Pindorama virou Brasil... Brasil tornou-se "Brasis". Misturei...  Miscigenei... No bailado da miscigenação, balancei, pulei, pisei forte neste chão.  Deixei: cateretê, caiapós, cururu, e tantas heranças mais.
 Inspirados em mim, brancos, negros, mulatos, cafuzos, mamelucos e todas etnias  desse Brasilzão se fantasiam de índios e dançam caboclinhos. Dançando, simulam  a caça e o combate, e no carnaval invadem ruas, praças e avenidas do nordeste.
 Em muitas festas, e folguedos oriundos da miscigenação, personagem também eu  sou. Bois Bumbás! Português... Negro... Índios... E na mistura cultural sou  personagem principal. Teve origem no nordeste. Espalhou-se por todo Brasil.  Chegou a Ilha de Parintins. Lendas e mitos indígenas foram cada vez mais  adicionados em suas apresentações. No seio da floresta hoje sou "Festival  de Parintins". Uma grande Festa. Síntese que traduz a alegria, sinergia e  força das festas coletivas indígenas.
 Amazônia - a Floresta é a tela - Parintins em festa - 2013 - Boi Garantido e o  Boi Caprichoso, um século de história. De lendas, alegria, mistérios e folia.
 Das Matas fechadas para o "Rio dos Anhambus" ou Anhembi a "Selva  de Pedra", essa é a homenagem da Peruche para o "Povo da  Floresta".
 Hoje esqueço as mágoas e o desrespeito. Brinco, protesto, canto e danço. O  samba e minha voz... Traduzindo uma luta que ecoa pelo mundo dizendo quem eu  fui quem eu sou. A Peruche a Bandeira representando minha garra de fé e  resistência.
 Sou índio... Sou Brasil!  Sou arte e cultura! Sou Guerreiro! Sou  identidade!
 Sou Peruche! Sou Aldeia! Sou tribo! Sou Tupi. Sou Guarani Sou Pataxó, Sou  Xavante, Cariri, Ianomâmi... Sou Carajá, Pancararú. Sou Carijó, Tupinanjé,  Potiguar, Tamoio, Caeté, Tupinambá...  Somos o Brasil!
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