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		INTRODUÇÃO 
		O Bloco Unidos de Santa Bárbara tem o 
		prazer de apresentar seu novo trabalho para o Carnaval 2001, intitulado 
		bloco dos sem teto na festa da marginália. Uma reflexão bem humorada 
		sobre a atual situação de boa parte do povo brasileiro que vivem à beira 
		da miséria, marginalizada pela sociedade e esquecidos pelas autoridades. 
		São heróis da sobrevivência que entre o descaso e a ignorância, arrastam 
		a grande bola de ferro chamada hipocrisia. 
		O Bloco dos Sem Teto fica sendo exatamente 
		nosso rótulo carnavalesco diante do tema dos sem teto no Brasil. A 
		proposta carrega a realidade dos miseráveis para uma festa onde tudo é 
		muito conhecido, porém muito pouco respeitado, ou seja, a vida de um 
		cidadão. 
		Numa batucada irradiante, vamos erguer 
		nosso estandarte e fazer uma folia cheia de protestos, mas sem perder o 
		contato real da nossa existência, a alegria. Dessa forma vamos traduzir 
		que o samba é um dos caminhos para encontrar nosso espaço e para o 
		brasileiro conquistar os seus mais importantes ideais: Trabalho, 
		Liberdade, Lar e Família. 
		FESTA DA MARGINALIA 
		Data = 27/02/2001 
		Local = Sambódromo do Anhembi 
		Convidados = 850 Foliões 
		Preço = Ter muito amor ao Brasil e ao 
		Samba 
		LISTA DE CONVIDADOS - CONVIDADOS DE 
		HONRA (SEM HONRA) 
		Os índios que foram os primeiros 
		desabrigados do Brasil e em troca de pequenas bugigangas entregaram o 
		seu território, suas matas, suas crenças, seu respeito. Hoje o índio 
		serve de fantasia para celebração de festas profanas como o Dia do 
		Índio, comemoração dos 500 Anos do Brasil, entre outras, tornando-o 
		verdadeiro palhaço e expondo o grande fracasso do verdadeiro povo 
		brasileiro.  
		OS ANFITRIÕES 
		Os mendigos do novo milênio também fazem 
		parte da festa. São os loucos, abandonados, excluídos de um sistema 
		incompreensível. No Reveillon do ano 2000 eles ganharam roupas brancas 
		de um varal que serviu de comercial de sabão em pó. No dia seguinte as 
		roupas foram doadas como caridade. E lá se foram os miseráveis, tão 
		branquinhos quanto a mente de quem tudo perdeu. Desfilam elegantemente 
		esfarrapados, esbanjando a falsa solidariedade de quem acredita que 
		esmola ajuda a resolver os seus problemas. 
		OUTROS CONVIDADOS 
		Os ciganos da folia, apelido do Bloco 
		Santa Bárbara, também participa do desfile dos sem teto. A tradição do 
		povo cigano, apesar dos preconceitos que sofrem pelo mundo todo, é uma 
		das mais antigas e ricas entre as civilizações. Porém seu teto 
		geralmente é a rua e seu destino vai sempre buscando a liberdade. 
		OS SEM TETO 
		Não se pode esquecer dos sem teto, pois 
		trata-se do retirante que vem de algum lugar para reconstruir sua vida, 
		refazer as esperanças e então por algum motivo tudo se desaba em sua 
		cabeça. No tema, o exemplo fica por conta do sofrimento do povo 
		nordestino; o preconceito e o descaso da grande metrópole que cospe fogo 
		sobre seus últimos farrapos do sertão. Quando aluga um barraco no morro, 
		vem a chuva e desaba tudo. Rua. Quando perde o emprego, quer voltar para 
		o sertão, mas é tarde. Embriaga-se nos botecos e dorme na rua. O filho, 
		ou vai vender doce na rua, ou comprar droga na rua. Seu destino 
		amarra-se na rua. E as pessoas vão desfilando tranquilamente entre os 
		traços de desastre e vão se afastando cada vez mais. Cria-se a corte dos 
		miseráveis. O frevo dos favelados. 
		ATRAÇÕES ESPECIAIS 
		Show com a banda MST = O Movimento Sem 
		Terra fica encarregado de fazer o show nessa festa, juntamente com a 
		nossa bateria. 
		Horário previsto para o fim da festa = O 
		grande evento termina assim que a polícia chegar. Mão na cabeça e não 
		importa muito o documento. O fim da festa da Marginalia é sempre o 
		mesmo; Cadeia. Uma forma de expressar o que acontece num país de 
		democracia pálida e pouca firmeza, onde o povo vive ainda em repressão e 
		finge que não sabe. 
		Preso na solidão a Marginalia sonha com a 
		felicidade. 
		LIBERDADE, TRABALHO, MORADIA E FAMÍLIA 
		Vamos reconstruir nossos valores e tornar 
		universal nosso respeito ao próximo. Somos uma nação filha. Uma jovem 
		nação prestes a se tornar uma grande mãe. Precisamos reciclar nossa 
		gente enquanto ainda resta tempo. Tornar a Marginalia uma lenda somente 
		para criar temas de Carnaval. 
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