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		"O Bloco Unidos de Santa Bárbara, tem o 
		orgulho de apresentara para este Carnaval, um desfile de homenagem a um 
		dos fenômenos mais sensacionais da música popular brasileira. Trata-se 
		de Luiz Gonzaga do Nascimento (O Rei do Baião e do Nordeste). O Baião, o 
		forró, o xote, o côco, o chamego e tantos outros ritmos que atualmente 
		fazem muito sucesso em todo o Brasil e atualmente com muita força nas 
		noitadas de São Paulo. 
		Nada disso poderia existir sem a forte 
		influência de Luiz Gonzaga, um artista genial, que com muitas lutas e 
		dificuldades, conseguiu se eternizar como símbolo do Nordeste e traduziu 
		muito bem todos os sentimentos de seu povo". 
		Luiz Gonzaga ou Lua, como era apelidado, 
		nasce no dia 13 de dezembro de 1912 e teve uma infância ao lado do pai 
		que também era tocador de sanfona, lá em sua terra (Exú - no Estado de 
		Pernambuco). Aos 15 anos de idade já fazia sucesso tocando fole e as 
		vezes até substituía o pai Januário, quando esse, por algum motivo não 
		podia se apresentar. 
		Na sua sanfona branca e na sua voz, Luiz 
		Gonzaga, buscou as raízes de sua terra. Cantou o Nordeste do sertão, dos 
		rios cheios, das secas, do milho verde, do gado morrendo de fome, da 
		arribação fugindo, dos pássaros exóticos cantando, dos tradicionais 
		forrós de pé de serra, do cheiro bom das mulatas, das feiras, das brigas 
		de foice, do folclore, da literatura de cordel, da cachaça, do amor e do 
		desamor. 
		Um dia, envolvido por uma forte paixão 
		adolescente, Luiz brigou com a família e fugiu de casa. Logo em seguida 
		alistou-se no exército, onde mentiu a idade para poder permanecer. 
		Tornou-se um dos corneteiros mais conhecidos do quartel e viajou vários 
		Estados do Brasil, mas se instalou por definitivo, no Rio de Janeiro, 
		quando recebeu a baixa militar. 
		Lutando para não morrer de fome, Gonzaga 
		voltou a tocar sua sanfona por volta de 1939, época dos grandes 
		programas de rádio, onde a música brasileira era condenada pela 
		influência estrangeira das valsas, tangos, boleros e outros ritmos. E 
		por essa influência, Lua, por muitas vezes, arrecadou algum dinheiro 
		tocando em praças, esquinas, botequins e até mesmo aos mangues, zona do 
		baixo meretrício, muito freqüentado pelos gringos, marinheiros e 
		prostitutas. 
		Certo dia, num desses botequins da vida, 
		Gonzaga foi desafiado por alguns estudantes cearenses, que o cobrara 
		tocar a música de sua terra. Então Luiz Gonzaga, soltou seus dotes 
		tradicionais, agradou muito, e, em pouco tempo já estava fazendo sucesso 
		no rádio. Logo ele virou disputa de audiência entre os programas de 
		calouros, nas diversas rádios da época. 
		Com muitas dificuldades, mas também muita 
		determinação o filho do sanfoneiro Januário e Santana, que deixara o 
		sertão na década de 30, malero, bochudo, cabeça de papagaio, zambeta, 
		transformou-se num ídolo nacional, de chapéu de couro (mistura de 
		Lampião e Vaqueiro) mudando até mesmo a história do nosso mercado 
		fonográfico, aumentando e muito a venda de discos no país. 
		Gravou "Asas Branca", seu maior sucesso, e 
		descobriu parcerias sensacionais como as de Humberto Teixeira (um 
		advogado pernambucano) e Zé Dantas (um médico cearense). Respectivamente 
		juntos, compuseram sucessos como, Paraíba, Respeita Januário, Assum 
		Preto, Vem Morena e tantos outros. 
		Luiz Gonzaga cantou o sofrimento, os 
		contrastes sociais e políticos de seu povo, assim como os grandes 
		mestres da literatura nordestina. 
		Apesar de um certo afastamento pela força 
		da Jovem Guarda, Gonzagão inspirou muitos artistas nos tempos da 
		representação militar dos anos 60. Percursionou de uma certa forma a 
		música de protesto (Vozes da Seca) e abrilhantou o Tropicalismo de 
		Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa e Geraldo Vandré. 
		Em meados dos anos 70 contribuiu também 
		para o sucesso de outros cantores nordestinos, como Alceu Valença, 
		Capinam, Geraldo Azevedo, Zé Ramalho, Elba Ramalho, Fagner. Esses nomes 
		até os tempos de hoje fazem muito sucesso cantando as obras de Luiz 
		Gonzaga. 
		Apesar de 40 anos de carreira com mais de 
		600 músicas, Gonzagão só recebeu 2 discos de ouro (anos 80). Ainda nessa 
		época estreou com seu filho (Gonzaguinha) um show com o nome da música 
		"A Vida do Viajante". Nessa mesma década Luiz Gonzaga cantou para o 
		Papa, numa de suas visitas ao Brasil. Este momento foi considerado um 
		dos mais importantes pelo próprio Rei do Baião. 
		Muito próximo dos 10 anos da ausência de 
		Luiz Gonzaga, nosso Carnaval vai misturar o samba com o forró e fazer 
		numa só homenagem, um espetáculos com o que se tem de melhor; do Brasil 
		Para o Povo Brasileiro. 
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