
PRÓLOGO: Um resgate da ancestralidade e protagonismo negro na história do Brasil
Em todas as Alas, em cada Fantasia, a saga do povo africano no Brasil será exaltada. Um resgate de nossa ancestralidade, que inclusive dá nome a nossa agremiação.
Um reconhecimento justo e necessário sem o viés pejorativo, mas sim demonstrando o quanto os africanos auxiliaram na construção de nossa nação e por isso são parte importante de nossa matriz cultural. "Somos fruto desta terra, gente desta gente e lutamos por nosso reconhecimento como as mãos que construíram e constroem esta nação", diz a presidente do Filhos do Zaire, Rejane Romano.
INTRODUÇÃO:
A identidade de um povo está diretamente relacionada à sua origem. Por isso se faz imensamente necessário termos conhecimento de nossos ancestrais, de nossa atuação no território brasileiros, desde os primórdios, e sobretudo do protagonismo de nosso povo desde sempre.
Para uma compreensão do enredo, precisamos levar em conta os seguintes aspectos presentes no desenvolvimento do desfile:
1. A diáspora. O africano, chegando em novas terras na condição de escravizado. A dor das perdas. O choro sofrido até o entendimento da necessária resiliência e o despertar da força;
2. O povo. As características do povo africano. Singularidades que os fazem ser tão especiais;
3. O sagrado. A relação do povo com suas crenças. As divindades, o ritual, a percepção da vida;
4.A origem da Filhos do Zaire. A história de superação do povo que apesar das dificuldades levantou-se ainda mais forte, com a força do leopardo, animal que representa o Zaire e seguiu de espelho, para o povo de Ermelino Matarazzo motivando o nascimento da Filhos do Zaire.
Que todos, os componentes da agremiação e quem assistir ao desfile da Filhos do Zaire possam entender quão bela é a cultura africana que hoje está intrínseca na cultura de nossa pátria amada, mãe gentil, Brasil!
SINOPSE:
África, no caminho até o despertar da identidade o negro chorou, chorou. Por ver que sua liberdade e capacidade de amar, vinha do sangue derramado, mas a cor da sua pele o fez despertar. No grito de glória e da glória ao ressoar de sua voz se deu seu devido valor.
A raça negra, uma nação para toda eternidade cravada e catulada no continente africano, Das mães de canto de alegria, povo sofrido de filhos felizes. Gênero e raça são as cadências dos nossos dias, herdeiras do laço afro e da missão de semear a esperança na terra. Da terra fértil abençoada, salve a negra raiz.
Ritual sagrado que Olorum abençoou, da semente esquecida a árvore da vida. O Baobá não é apenas uma árvore sagrada ela é consagrada, acolhe seus filhos, tribos e etnias e alimenta sua alma. Resiste ao solo rachado da savana africana e armazena sua fonte de vida onde mata vossa sede.
Do Deserto do Saara, beduínos e sarracenos. Do Egito as pirâmides naturais, onde a humanidade aos sábios confirmou. Salve a mãe África berço da civilização, sofrida, guerreira, terra de gente feliz.
Das garras do leão a divindade da coroa do Rei Xangô, ritual sagrado que no axé o alujá dançou. Destas raízes nasce: a República de Zaire, comunidade negra de pulso forte e de garra. De corpo e alma a paixão verdadeira.
E assim, as nuvens trouxeram via mar mediterrâneo, as embarcações e caravelas ali aportou. Carregando riquezas, diamante e marfim, devastando o solo sagrado. Pelo norte da África, o homem branco, europeu na terra sagrada chegou. Do ventre tiraram os filhos d'África, retirando sua honra, corte e o brilho de reis e rainhas. Sem poder, sem medo, sem religião, e tudo parecia estar no fim.
Mas de luta se vive o homem, e do homem a sua garra, e da garra a sua riqueza. E o semba virou samba na pátria amada mão gentil. Dos Filhos do Zaire surge, o leopardo de Ermelino Matarazzo, de cor sagrada e rara beleza.
Aqui não existe tristeza, aqui não existe rancor e a cultura e a arte afro se faz presente no Brasil. Porque aqui a resistência impera.
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