A coruja símbolo de nossa escola de samba Estrela do Terceiro Milênio, levanta vôo para apresentar no Anhembi a trajetória do povo nordestino, que apesar das grandes dificuldades que enfrentam não deixam de sonhar, mesmo que seja necessário voar como a Asa Branca que parte do sertão em busca de novos horizontes.

Desta maneira faremos uma homenagem ao povo nordestino, que ao rumarem para São Paulo trouxeram em suas bagagens a esperança de uma vida melhor, e um sistema cultural que já se mostra disseminado nessa capital de oportunidades. A nossa coruja convida a todos para aplaudir todo o povo nordestino, sejam eles, ilustres ou anônimos, mas sem dúvida um povo alegre e guerreiro que desembarcam nessa grande selva de pedras e muito contribuíram, por meio de seu trabalho para construir essa grande metrópole, fazendo desta uma grande capital nordestina, transformando São Paulo em uma terra festeira, pois quem nunca ouviu falar na "Festa de Reisado" onde se comemora o nascimento do Deus menino?

Manifestação essa que invoca devoção e cantoria que o povo nordestino comemora com muita alegria.

Ah Nordeste! Terra de solo abençoado, onde aportaram negros que aqui foram escravizados, mas que deixaram de lado todo sofrimento e se fizeram "Rei do Congo" para serem coroados, e hoje descem as ladeiras e vielas batendo forte o tambor e assim mostrando todo luxo de seus bordados e festejando o Maracatu.

O negro também é rei nos terreiros de Candomblé ao som dos atabaques iremos louvar a Bahia, terra de todos os santos, pedimos a proteção do Orixá da justiça nosso Rei Xangô, para que possa interceder pelo povo nordestino que muito sofreram, como os pernambucanos que com a Revolução Praieira viveram tempos de tristeza onde federalistas lutavam por idéias livres da opressão e livre da monarquia da época.

Nordeste terra de povo sofrido, mas cheio de esperança, devotos e romeiros que cantam e louvam por essa terra tão abençoada, onde a fé sempre esteve presente. Nordeste terra de tantas batalhas de homens valentes que sempre lutaram pela sua gente, seja no braço, na espingarda ou no facão, quem não conhece o Rei do Cangaço Virgulino o tão temido Lampião.

Vamos deixar de prosa e cair na dança, é Frevo! é Boi Bumbá! é São João! Tem até arrasta pé, o sanfoneiro toca baião, são tantos os coloridos dessa terra festeira de tantas riquezas. Benditos são os inúmeros nordestinos que migraram para São Paulo, e trouxeram consigo todas essas riquezas culturais que hoje encantam todo povo paulistano.

Rico é seu artesanato que ao mundo fascina com as belezas da obra de Mestre Vitalino.

Senhores tão grande foi a nossa prosa que até fome me deu, sinto no ar o cheiro dos quitutes do tabuleiro da baiana como é rico o seu paladar.

São muitos os que retratam a história deste povo alegre e guerreiro, mas ninguém melhor do que os repentistas, para dizer o que é o nordeste, têm até literatura de cordel, artistas, escritores e até cineastas. Surge assim o cinema novo, aplausos para Glauber Rocha com seu filme "Deus e o Diabo na Terra do Sol" filme este que narra a saga do nordestino no Sertão.

Hoje a passarela do samba e a cidade de São Paulo estão em festa, somos todos nordestinos é só alegria.

Em um gesto de amor a nossa última ala faz uma homenagem a homens e mulheres que vieram para São Paulo e como verdadeiros operários, ajudaram a construir essa grande capital, seja com seu trabalho braçal ou cultural, mas que muito fizeram por esta cidade.

Os anjos anunciam Padim Pade Ciço venha interceder por este povo, filhos do agreste, que repleto de fé e esperança vem cumprir o seu destino.

Bate forte o coração, pois a nossa coruja se despede cheia de emoção e celebra com todos que fizeram história na maior capital nordestina que é São Paulo.