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		Desde a 
		antiguidade o carnaval tem como objetivo, extravasar com alegria os 
		dissabores da vida cotidiana. Festa profana onde as pessoas se comportam 
		mascarando a realidade, querendo ser reis, rainhas, príncipes e 
		princesas, piratas, palhaços, jardineiras enfim, cada um deixa sua 
		personalidade de lado e incorpora as mais diversas fictícias. A alegria 
		do comportamento se faz pela irreverência e por uma conduta animada, 
		dissoluta na figura do folião. 
		O carnaval é 
		uma grande festa, com o povo saindo às ruas, descontraído, mostrando que 
		a folia pode e deve ser de todos, sem qualquer distinção de raça ou 
		credo, onde o pobre e o rico são as mesmas pessoas, é a própria sagração 
		da alegria. Brincando com sol ou chuva, gozamos a falta de dinheiro, 
		debochamos da morte e da tristeza, sofremos o ano inteiro sem reclamar, 
		a vingança chega em fevereiro, no carnaval. É um sonho etéreo e anormal, 
		a vibração é de fora pra dentro. 
		Na origem o 
		carnaval elimina a distância entre o ator e o público. Todos são ao 
		mesmo tempo, personagens, foliões e espectadores, sereias e navegadores, 
		recriando a distinção entre o palco e a platéia. 
		Para alguns, 
		o termo carnaval é um desdobramento da expressão latina "Carrum 
		Novalis", uma espécie de barco alegórico com o qual os romanos abriam 
		alguns festejos. Para outros, o carnaval origina-se nas alegres festas 
		pagãs como as de Ísis (Lua) e de Ápis (Boi Sagrado) entre os egípcios, 
		os bacanais (festas em homenagem à Baco), as Lupercais (festas anuais em 
		honra ao Deus Pã) e as Saturnais (oferecidas a Saturno) da Roma Antiga. 
		Estas últimas, eram consagradas à farra destemperada e a capital do 
		Império se transformava num local de esbaldamento libertino. 
		Na Europa, o 
		carnaval consistia em batalhas de flores, desfiles de mascarados e 
		acompanhamento instrumental, sendo muito interessante as formas musicais 
		do carnaval da Idade Média. No final do século XIX o carnaval europeu 
		entrou em decadência. O brilho dos festejos começou a se ofuscar nas 
		cidades momescas, restando apenas a chuva de confetes e o desfile 
		alegórico de Nice. Inversamente o carnaval brasileiro se arraigava, 
		cresciam sua euforia, seu luxo e a sua importância na vida cultural do 
		país. 
		Portugal 
		introduziu no Brasil o que se tornaria posteriormente uma espécie de 
		símbolo nacional brasileiro, orgulho da terra: O Carnaval com seus 
		trajes, jeitos e trejeitos. 
		Quando não 
		havia um motivo especial de comemoração, a festa carnavalesca se 
		transformava numa espécie de vale-tudo, conhecida como entrudo. O 
		crescimento da população durante o século XIX, contribuía para uma 
		acentuação da rebeldia carnavalesca, com a participação de escravos 
		negros e de mulatos. 
		A decadência 
		e a repressão do entrudo, começa a se desenvolver o gosto pela máscara, 
		para a qual seria canalizada a imaginação popular. O carnaval deixava de 
		ser uma simples brincadeira, sendo hoje com seus trajes, jeitos e 
		trejeitos o maior espetáculo da Terra. 
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