No quadrilátero 
							formado pelas Ruas Visconde de Itaúna, Santana, 
							Senador Eusébio e Marquês de Pombal, tendo ao centro 
							um chafariz em forma de cálice, presente da Missão 
							Francesa, desde 1910, passou a ser habitada por 
							retirantes de localidades vizinhas.
							
							No início chamada de 
							Praça do Rócio Pequeno, Largo de São Salvador e 
							finalmente de Praça XI de junho em homenagem a 
							Batalha do Riachuelo.
							
							Nela desembocavam 
							todas as ruas que desciam do sangue. Ali passavam 
							todos os bondes e ônibus, que aumentavam seu 
							movimento durante o carnaval.
							
							Eram formados Blocos, 
							Cordões, Embaixadas, rodas de batuqueiros, zé 
							pereiras, alas denominadas portugueses. Nesse bairro 
							havia tradição de choros e festas, organizadas pelas 
							tias baianas do samba carioca, como Tia Ciata, 
							Mônica e outras.
							
							Mas a festa também era 
							disputa; destacar-se, mostrar quem tinha o melhor 
							bloco, melhor samba, a melhor dança, seja ela do 
							velho ou mestre-sala de um Rancho.
							
							E porque na mesma 
							praça, ao lado de cervejarias, teatro, cinemas e 
							clubes dançantes havia uma balança que controlava o 
							peso dos transportes de tração, ir a praça disputar 
							o carnaval passou a ser denominado "Pesar o Samba", 
							onde haviam disputas, as vezes até sangrentas.
							
							Os irmãos Rubem 
							Barcelos e Alcebíades, o "Bide", influenciados por 
							uma nova modalidade de samba, de andamento mais 
							lento e notas longas, que permitiam dançar e cantar, 
							fundaram a Escola de Samba Deixa Falar. Assim desde 
							1927, o samba foi substituindo os Ranchos e Blocos 
							na Praça XI e no Carnaval Carioca.
							
							Tão importante era o 
							Carnaval na Praça XI nos anos trinta, que as duas 
							maiores expressões femininas da época, a cantora 
							Carmem Miranda e a vedete Beatriz Costa, gravaram 
							músicas sobre o famoso local.
							
							Em 1941, foi anunciado 
							o fim da Praça para a construção da Av. Presidente 
							Vargas. A prefeitura concordou em esperar até o 
							carnaval de 1942, para demolir a praça. Teve início 
							uma verdadeira cruzada dos sambistas para tentar 
							preservar o local, reivindicando junto às 
							autoridades o título de Capital do Samba Brasileiro, 
							mas os dias de glória da praça estavam contados.
							
							Sebastião Prata, 
							sambista e compositor, que se consagrou como 
							comediante conhecido como Grande Otelo, juntou-se a 
							Herivelto Martins seu parceiro de espetáculos no 
							Cassino da Urca e compuseram um samba que se 
							consagrou no carnaval de 1942 "Vão Acabar com a 
							Praça XI".
							
							E desde então a 
							pergunta que se fazia, era o que seria do carnaval 
							sem aquele amado e tradicional local.
							
							A antiga Praça XI 
							representou um dos principais marcos da história do 
							carnaval, e da Cultura Negra, tendo com seu fim 
							encerrado um dos capítulos mais ricos dos festejos 
							populares, e ao mesmo tempo dando início a tudo o 
							que vemos atualmente em matéria de carnaval.
							
							Naquele local foram 
							travados inesquecíveis e históricos confrontos entre 
							agremiações da época; Deixa Falar, Favela, 
							Salgueiro, Mangueira e outros. E também entre 
							sambistas, entre elas a mais famosa a de Herivelto 
							Martins, que tinha como certa a sua vitória com o 
							samba "Adeus Minha Praça XI" mas que foi derrotado 
							por um samba chamado "Amélia" composto por um 
							crioulinho elegante chamado Ataulfo Alves.
							
							E por tudo isso, que a 
							Vila Maria vem resgatar toda a beleza histórica da 
							Praça XI, como se estivesse resgatando a sua 
							própria, com muito amor, raça e samba nas veias, 
							emprestando suas cores (verde e branco), em tom de 
							esperança, recolocando esse marco da cultura 
							brasileira em seu devido lugar, mesmo que seja 
							apenas nas noites de "Momo", mas para sempre dentro 
							de nossos corações.