|   
		A luxúria e 
		a vaidade acompanham o homem desde o início da Humanidade. São duas 
		características humanas que surgiram nas cavernas, com o homem 
		primitivo. Naquele tempo, havia mais mulheres do que homens em cada 
		tribo, porque os grupos eram pequenos e muitos homens morriam nas caças 
		e na guerra. 
		Para 
		garantir a procriação e a preservação de cada tribo, os homens podiam 
		ter mais de uma mulher. Mas como é da índole humana querer ser melhor do 
		que os outros, homens e mulheres começaram a cultivar os primeiros 
		sentimentos de vaidade e luxúria. 
		Entre as 
		várias esposas de um guerreiro, havia a disputa para ser a preferida. E 
		as mulheres começaram a desenvolver técnicas de sedução. Ser a mais 
		bonita, a mais sensual, a mais atraente. Nascia a vaidade. 
		Ao mesmo 
		tempo, os caçadores mais fortes e inteligentes usavam seu prestígio para 
		atrair as mulheres mais formosas e interessantes. Sempre de olho nas 
		esposas dos outros. A luxúria, que é o apego ao desejo carnaval, 
		começava a se espalhar entre a espécie humana. 
		Até no 
		paraíso bíblico luxúria e vaidade têm papel fundamental. Deus criou Adão 
		e Eva sem o pecado nem o desejo. Mas a semente da sedução atingiu Eva, 
		que conquistou seu companheiro. Depois de terem descoberto o prazer, 
		sentiram vergonha e se cobriram com folhas de árvores. Foi a primeira 
		roupa. Nascia a moda, símbolo de vaidade. 
		O Antigo 
		Testamento tem várias histórias de luxúria, mas nenhuma como a da 
		cidades de Sodoma e Gomorra, onde as orgias aconteciam por toda a parte. 
		Deus mandou então dois anjos destruírem as duas cidades. Suas ruínas 
		passaram a servir como uma espécie de exemplo de como deve ser o 
		inferno. 
		Nas 
		civilizações antigas a luxúria e a vaidade rapidamente se espalharam. Os 
		perfumes e cosméticos eram obrigatórios no Egito Antigo (4.000 anos 
		atrás). Por causa do sol forte, os egípcios inventaram até o bronzeador. 
		Outro 
		símbolo marcante da luxúria foi o grande Rei Salomão. Vaidoso, era o 
		homem mais poderoso do seu tempo. Tinha o exército mais poderoso do 
		mundo e era famoso por sua sabedoria. Foi um símbolo da luxúria, pois 
		chegou a ter 400 mulheres em seu harém. 
		Muitos 
		estudiosos atribuem à luxúria e à vaidade a queda do Império Romano. No 
		início do século I (quase 2.000 anos atrás), Roma começou a ter 
		dificuldades para pagar as importações de produtos de beleza e moda. 
		Eram perfumes, cosméticos e tecidos vindos de toda a parte do mundo para 
		manter a vaidade e os prazeres das romanas. Foi em Roma que foram 
		criados o penteado permanente e o tingimento. 
		A Grécia e 
		Roma, aliás, trataram da vaidade com grande sabedoria. O personagem que 
		personifica a vaidade nasceu na cultura grega: Narciso. Era um jovem 
		muito belo que um dia, ao abaixar-se para beber água, viu sua própria 
		imagem na fonte. Apaixonou-se por si próprio de tal forma que não 
		consegui desviar o olhar do reflexo de seu rosto na água. Ali, definhou 
		até a morte. Por isto Narciso e o narcisismo são símbolos da vaidade. 
		Na mitologia 
		greco-romana existe a deusa dos prazeres, que simboliza a luxúria. Era 
		Vênus, muito bela e sedutora, que encarnava a sensualidade e o anseio 
		pelos prazeres. Teve milhares de amantes e seu filho mais famoso foi 
		Cupido. 
		Os cultos 
		africanos também têm seus deuses vaidosos e luxurientos. Oxum, 
		representada por uma linda mulher que está sempre admirando a própria 
		beleza num espelho, vive cercada de admiradores. Oxossi, guerreiro 
		destemido e aventureiro, senhor das matas e dos seres da floresta, 
		conquista o coração de quantas mulheres quiser mas, como é vaidoso, só 
		aceita que a iniciativa seja sua. 
		Nas nações 
		islâmicas, os preceitos do Profeta Maomé separam vaidade de luxúria. De 
		um lado as mulheres têm que cobrir o rosto com um véu (contra a 
		vaidade), mas cada homem pode ter até quatro esposas (um incentivo à 
		luxúria). Ainda é comum entre reis e sultões aqueles que possuem dezenas 
		de mulheres e concubinas, no melhor estilo das 1001 noites. 
		Mais 
		recentemente, as cortes francesas ficaram famosas por seus excessos em 
		termos de vaidade e luxúria. Durante os tempos dos reis Luis XIV e XV, o 
		palácio era na verdade um grande templo de orgias e prazer. 
		No contexto 
		da vaidade e da luxúria nasceu o carnaval, festa que na Roma Antiga se 
		caracterizava pelo relaxamento das regras de controle da sexualidade. 
		Naqueles três dias, tudo era permitido. O carnaval é filho da luxúria e 
		da vaidade e isto vale até os dias de hoje. 
		Ao longo do 
		tempo, o homem foi criando símbolos para representar a vaidade. Entre os 
		animais, elegeu o pavão, por sua beleza. O espelho passou a ser o objeto 
		principal para o vaidoso, mas também as jóias, os perfumes e os produtos 
		de beleza e maquiagem. 
		E se existem 
		vários tipos de vaidade, como a da beleza, a da sabedoria, a do poder, 
		existe uma muito especial, que é a vaidade de ser Mocidade Alegre. A 
		Mocidade é uma escola vaidosa por excelência, que tem orgulho de sua 
		tradição e até sua quadra tem um nome vaidoso, a Morada do Samba. Por 
		isto, num desfile que exalte a vaidade, a nossa Mocidade não poderia ser 
		esquecida. 
		Por fim, nos 
		dias de hoje, luxúria e vaidade ganharam novos conceitos. Em tempos de 
		culto ao corpo, ser vaidoso é cuidar não apenas da aparência, mas também 
		da saúde. É preciso malhar para ter um corpo perfeito, é fundamental 
		conhecer as últimas novidades em vitaminas, tônicos, tratamentos de 
		rejuvenescimento e de beleza disponíveis nas academias de ginástica, nos 
		produtos diet e nos tratamentos médicos. 
		A luxúria, 
		por sua vez, está estampada em toda a parte. Pela televisão, invade as 
		casas. O sexo é despejado na vida das pessoas pelo cinema, pelas 
		revistas e pela publicidade. E apesar de toda a liberação, estamos na 
		era da Aids. Todo cuidado é pouco. Por isto, a mensagem da Mocidade é a 
		do sexo seguro. 
		  |