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 "A igualdade é uma mulher de ombros largos e risada  escandalosa que mete medo aos tiranos e com o povo é carinhosa"... (Aninha  Franco) Prefácio:
 Aqueles que oprimem, enxergam a Igualdade como uma ameaça a  seus interesses e privilégios, diferentemente daqueles que estão do outro  "lado" da história, que buscam a Igualdade como única forma de viver  numa sociedade justa, em que todos sejam tratados com o mesmo valor,  independentemente de sua classe social ou racial, mostrando o mundo e  repartindo o pão, sendo elas João ou Maria, numa terra de paz e amplidão.
 A Nenê de Vila Matilde, orgulha-se de suas diferentes raças,  credos e classes sociais, pois Igualdade é liberdade e não repressão!
 De uma forma alegre e descontraída, sonhando com um país de  direitos e liberdade, queremos homenagear todos aqueles que dedicaram e dedicam  suas vidas a lutas, batalhas e acima de tudo, a oportunidades de  Igualdade...pois ninguém é de ninguém, mais podem ter os mesmos objetivos!
                                                                Desenvolvimento:
 1º SETOR: A REVOLTA DOS BÚZIOS, UMA HISTÓRIA DE IGUALDADE!A história do nosso povo é uma história de lutas, conquistas  e também de uma brutal repressão, em que o povo sempre soube que é o sujeito e  não o objeto da história. Heróis ocultos, organizam-se e lutam; veem além dos  passos que estão a dar. A Revolta dos Búzios (nome dado devido ao fato de os  revoltosos usarem búzios presos no punho para facilitar a identificação entre  si), também conhecida como a revolta dos Alfaiates ou Conjuração Baiana, que  ocorreu em 1798, na cidade de Salvador, foi a mais importante manifestação  anticolonial e de luta pela igualdade racial da história do Brasil.
 Propunha um movimento que, embora abortado no nascedouro,  assumiu imenso significado para a história do país, pois os seus ideais estavam  muito a frente de seu tempo.   Pregavam a  proclamação da República, o livre comércio, a abertura dos portos e a abolição  da escravatura um século antes do mesmo acontecer.
 Compartilhavam dos ideais de Igualdade, liberdade e  fraternidade colocados em circulação na Europa do século XVIII, graças à  Revolução Francesa.  Conviviam com a  cruel escravidão e um país em precárias e insalubres condições de vida para o  povo. Era um momento de caos social! Altos impostos cobrados pela coroa  portuguesa faziam com que pequenos comerciantes se manifestassem contra o  sistema econômico, além de intelectuais inconformados com a desigualdade e  soldados indignados com os baixos salários. Tudo isto fez com que surgisse, num  primeiro momento, uma articulação entre os jovens negros conscientes.  Na linha de frente destacavam-se o alfaiate  João de Deus do Nascimento, os soldados Luiz Gonzaga das Virgens e Manoel Faustino  dos Santos e o jovem Lucas Dantas, que tinham em comum a consciência racial;  conviviam e combatiam a discriminação da qual eram vítimas, sabiam ler e  escrever, eram revolucionários!
 Manhã de Agosto de 1.798! O povo "Bahiense" viu  suas ruas serem tomadas pelos revolucionários Luiz Gonzaga das Virgens e Lucas  Dantas, que iniciam uma panfletagem como forma de obter mais apoio popular e  incitá-los à rebelião. A cidade amanheceu com um manifesto que dizia palavras  de liberdade, igualdade e justiça, o que as autoridades coloniais chamavam de  "abomináveis princípios franceses".
 Quando soube de tais panfletos, o governador da capitania da  Bahia, D. Fernando José de Portugal e Castro, ordenou que arrancassem e  investigassem quem estava escrevendo tais "desaforos".
 Após a delação feita por pessoas infiltradas no movimento,  os líderes da revolução foram presos um a um. Durante essa fase, centenas de  pessoas foram denunciadas: militares, religiosos, funcionários públicos e  pessoas de todas as classes sociais. No inquérito aberto pelo governo,  apareciam nomes importantes e influentes da Bahia. Nesta hora, todos tentaram  se livrar acusando uns aos outros dizendo que nada tinham haver aquela revolta.  Apenas quatro líderes, em atitudes heroicas mantiveram-se firmes em suas  declarações: não negaram, e sim, confessaram a participação; tiveram a bravura  de mártires!
 No final, diferentemente dos representantes das classes  ricas que conseguiram escapar da punição, nossos quatro heróis foram condenados  à morte por enforcamento.
 Nesse mesmo ideal de luta e Igualdade, a Nenê de Vila  Matilde, alça voos e põe às claras essa história tão pouco conhecida pelos  brasileiros. E hoje, depois de dois séculos, João de Deus do Nascimento, Lucas  Dantas, Luiz Gonzaga das Virgens e Manoel Faustino dos Santos, têm seus nomes  incluídos no livro dos heróis brasileiros, no Panteão da Pátria em Brasília:  "O Livro de Aço"!
 		  2º SETOR: UM POVO QUE SEMPRE LUTOU PELA IGUALDADE!A igualdade sempre foi um ameaça aos poderosos, que contavam  com a escravidão e a repressão para manter seus privilégios.  Por outro lado, essa repressão alimentou o  desejo de justiça por parte do povo. Ao longo na nossa história, surgiram  relatos de verdadeiros núcleos de resistência ao regime opressor, em que as  pessoas poderiam viver tranquilamente numa sociedade justa, como os quilombos,  símbolo da resistência negra ao cruel regime escravocrata.
 Outro núcleo duramente perseguido pelos poderosos foi a  comunidade criada pelo beato Antônio Conselheiro, chamada Canudos, que  simbolizou a luta e a resistência das populações marginalizadas do sertão  nordestino no final do século XIX. Embora derrotados, mostraram que não  aceitavam a situação de injustiça social que reinava na região.
 No Pará, a revolta popular contra a desigualdade social fez  surgir a Cabanagem, considerado um dos principais movimentos rebeldes do Brasil  e ainda nos dias de hoje, pesquisado por seu caráter único, já que foi  considerada por historiadores, a primeira revolta em que as camadas populares  chegaram, efetivamente, ao poder.
 As ações sociais e ideológicas também podem ser fatores  importantes para o combate a desigualdade. Um importante exemplo disso foi a  contribuição do Olodum para a reconstrução do então destruído bairro baiano do  Pelourinho.
 Quando o Olodum foi fundado, em 1979, o Pelourinho era  reduto de marginalidade e prostituição, e as únicas metas do bloco eram chamar  a atenção para a degradação do centro histórico de Salvador e divulgar a  música, a dança e os costumes africanos. Três décadas e muitos trabalhos de  inclusão social depois, o Olodum ajudou o mundo a abrir os olhos para o  Pelourinho. Boa parte dos seus casarões foram restaurados e revitalizados. O  centro histórico recebeu da UNESCO o título de patrimônio cultural da  humanidade e, desde então, é a atração mais visitada pelos turistas que chegam  à capital baiana. Uma prova que nem sempre é preciso pegar em armas para lutar  pela igualdade social; basta apenas dedicação e identidade!
 3º SETOR: A LUTA CONTINUA!Nos nossos dias, podemos perceber que os mesmos ideais que  motivavam os quatro heróis da Revolta dos Búzios continuam vivos e atuais. Com  o passar do tempo, ganharam novos temas e cenários; porém, a luta pela  igualdade não deixou de ser o principal desejo de todos.
 O combate à injustiça social e ao grande abismo que ainda  separam os ricos dos pobres mobilizam pessoas e entidades pelos quatro cantos  do país, que defendem uma melhor distribuição de renda.  Hoje, a luta pela reforma agrária e o direito  a moradia nas grandes cidades são temas que não podem ser esquecidos por um  país que deseja figurar entre as nações mais desenvolvidas do mundo.
 Sindicatos fortes e atuantes defendem a bandeira por  melhores salários e condições de trabalho, que são essenciais para a diminuição  das diferenças sociais, assim como o acesso a educação, que é, sem dúvida, a  principal ferramenta para a construção do Brasil que tanto sonhamos.  Somente com medidas como o combate ao  analfabetismo, universidade para todos e as cotas raciais, poderemos ter num  futuro próximo, uma geração de brasileiros que desfrutará dos benefícios de  viver num lugar com igualdade de condições.
 Desejamos um país justo, em que a cor da pele não seja fator  determinante para conquista de privilégios; em que negros, brancos e índios  sejam tratados da mesma maneira; que as injustiças históricas deem lugar a um  novo tempo...O tempo da igualdade!
 		  4º SETOR: IGUALDADES INDIVIDUAISNos últimos anos, a mulher tem conquistado cada vez mais  espaço na nossa sociedade, fruto da sua luta árdua pela igualdade de direitos  com os homens. Foi-se o tempo da submissão! A mulher moderna, embora ainda  sofra injustiças, pouco a pouco vem ocupando um espaço que tempos atrás não era  imaginado, seja no trabalho, na escola e até na política.
 Há de chegar o dia em que as pessoas não serão julgadas e  perseguidas por causa da sua orientação sexual, em que tanto faz ser hétero ou  homossexual para a conquista de direitos civis básicos de igualdade perante a  sociedade.
 A luta pela igualdade muitas vezes dura a vida inteira. Isso  é fácil constatar quando uma pessoa chega a uma idade avançada e nota que as  portas do mercado de trabalho ignoram sua experiência e se fecham para ela,  como se a velhice fosse um atestado de incapacidade. Julgamento semelhante  recebem os portadores de necessidades especiais, ao terem que provar, dia após  dia, que são aptos a realizarem as mesmas tarefas de qualquer outra pessoa e  que o fato de não enxergarem ou estarem numa cadeira de rodas não os tornam  diferentes de ninguém.
 Um verdadeiro templo sagrado de Igualdade é a Escola de  Samba, lugar de gente bamba, onde pessoas de diferentes raças e classes sociais  convivem na mais perfeita harmonia.
 A Nenê de Vila Matilde orgulha-se por compartilhar e  celebrar os ideais de Igualdade, pois pertence a um mundo que sempre recebeu  sem discriminação ou preconceitos. Não podemos ser apenas navegantes da vida,  imaginando o último porto, e sim vivenciando todos os dias a Igualdade. Ninguém  é de ninguém, mas podemos ter os mesmos objetivos,  fazendo valer a pena a importância do nosso  pavilhão, pois a eternidade é a avesso do tempo, em que as pessoas não morrem,  ficam encantadas...
 E assim, no cenário da maior festa popular do mundo, no  ritmo contagiante de nossa bateria, o manto azul e branco exalta este canto...
 "O Canto da Igualdade".
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