| Vamos adentrar em uma grande máquina, e por ela ser tragado.Devorados, usados até o seu limite.
 Absorvidos por completo, de forma paralisante, pelas engrenagens do progresso.
 Uma máquina construída pela opressão de um sistema em transformação, fruto da cobiça, da ganância e da exploração humana, onde a palavra capital é o que importa.
 Um universo capitalista que reduz o homem a um componente mecânico, como um mero robô. Conseqüência direta da implantação de uma linha de montagem e de uma busca sistemática do aperfeiçoamento, visando unicamente à produção.Um ritmo alienador, estressante e incessante.
 A máquina faz do homem uma máquina!
 São engrenagens que escravizam!
 Em tempos modernos é a Revolução Industrial que tem, como suporte, o esforço e o sacrifício de uma enorme massa oprimida.A origem da escravidão humana perde-se no tempo e se acha ainda oculta pela poeira dos séculos, que envolvem a própria historia do homem sobre a terra. Não se sabe qual a etnia do primeiro escravo, se branco ou negro, se asiático ou europeu; o que se sabe é que eram máquinas humanas que viviam para trabalhar e trabalhavam para se manter vivos... e que agora, passam a responderem pelo nome de trabalhadores ou proletariado!
 A passagem da escravidão para o trabalho assalariado, não significou a garantia de direitos e nem a inclusão na nova sociedade.
 Trabalham-se quatorze, quinze horas, a altas temperaturas, em um ambiente hostil e insalubre, onde nem ao menos é permitido beber água. Exploram-se mulheres e crianças.
 O lema é não perder tempo!...“Quando se retira da tarefa, o trabalhador volta exausto a uma miserável casa, onde encontra a família a mingua. Não pode nem trocar a roupa na qual suou todo dia, porque não a possui. lazer, instrução, felicidade, isso é algo que não tem forças para sonhar.”
 Para o trabalhador, viver é não morrer. E basta!
 ...É o sentimento da sociedade industrial, cruel e devoradora de vidas, que gerou o “homo Industrialis”, da cidade industrial. Uma alegoria deste novo mundo governado pela máquina.
 O trabalho não era sequer regulamentado, e a sensação de impotência que a maioria oprimida sentia, diante dos mecanismos impessoais do sistema capitalista-industrial, aproximou os trabalhadores e os uniu.
 O sofrimento comum irmanou os trabalhadores, e as iras individuais se fundiram em revoltas coletivas.
 Nasce o movimento operário, com um ideal que se espalhou por todo o mundo.
 Uma luta universal, por melhores condições de trabalho e segurança; uma eterna busca pelo pão, pela dignidade, pela limitação constante das jornadas de trabalho, pela instrução, pela felicidade, pelo direito à vida, em uma marcha pacífica, porém reprimida com violência e sangue...
 ...Massacre impiedoso e infame de que foram vítimas os trabalhadores.
 Quantas vidas sucumbiram nesta luta!
 Quantos heróis perseguidos e mortos!
 ...E, como que por encanto, surgem outros heróis, resgatam os ideais de luta e empunham a bandeira da igualdade, como que um contínuo renascer.
 O trabalhador em todos os momentos da história nunca se curvou à exploração e à opressão.
 Em todos os tempos houve quem erguesse a cabeça e lutasse contra o sistema.
 Mãos trabalhadoras que constroem o mundo, têm o direito e o poder de transformar em realidade o sonho de uma sociedade livre, justa, democrática e fraterna.
 Iluminados por idéias socialistas, anarquistas, positivistas..., por pensamentos de libertação e de igualdade entre classes, os trabalhadores unidos saem às ruas, como um grande exército, na luta pelos direitos da humanidade, e escolhem uma data, 1° de Maio, dia que marca a luta pela redução da jornada de trabalho e homenageia, todos aqueles companheiros mortos pelo mesmo ideal.Sindicatos livres foram criados para agregar, organizar, fazer valer a voz dos trabalhadores.
 Porém, particularmente no Brasil, o jogo de interesses sufoca os trabalhadores, por leis que não são cumpridas, em imposições governamentais, em atitudes mascaradas, em golpes políticos.
 ...Chegaram os anos de chumbo.
 Articulações à insatisfação se manifestam.
 Movimentos contra a carestia, e o custo de vida, pela anistia e em defesa das liberdades democráticas, dão ao trabalhador um novo impulso.Neste sentido a força dos trabalhadores do complexo industrial automobilístico do ABC teve grande importância, construíram espaços de luta, conquistaram legitimidade, se rebelaram e mostraram que o sindicato tem de ser independente do Estado, livre, pois é a voz do trabalhador.
 
 -    “Companheiros e companheiras ...
 -    Vamos dizer não ao analfabetismo.
 -    Não ao trabalho infantil.
 -    Não a fome.
 -    Não a precarização do trabalho.
 -    Vamos democratizar o Brasil.
 -    Nós podemos,...somos muitos, eles não!”
 Os trabalhadores ocuparam um importante espaço social e renovaram a luta para democratizar as relações do trabalho, contra todo tipo de discriminação racial, igualdade no tratamento e na remuneração entre homens e mulheres.Uma representação efetiva e participativa nas questões nacionais, e que tem na campanha contra o “entreguismo”, pelo monopólio estatal do petróleo, a maior prova que o trabalhador unido e organizado é capaz de triunfar!
 
 Vale a pena lutar, e ela está longe de terminar...
 ...Companheiro, a luta continua!!! |